O PORQUÊ DA IMIGRAÇÃO - O que motivou a vinda ao Brasil

"Que coisa entendeis por uma nação, Senhor Ministro?
É a massa dos infelizes?
Plantamos e ceifamos o trigo, mas nunca provamos pão branco.
Cultivamos a videira, mas não bebemos o vinho.
Criamos animais, mas não comemos a carne.
Apesar disso, vós nos aconselhais a não abandonarmos a nossa pátria?
Mas é uma pátria, a terra em que não se consegue viver do próprio trabalho?"


(Resposta de um italiano a um Ministro de Estado de seu país, a propósito das razões que estavam ditando a emigração em massa)

Em 1870, a Itália recém unificada passava por profundas transformações.
Antes da campanha de unificação, a península itálica estava seccionada em reinos, ducados e repúblicas.

Ao norte do rio Pó, o domínio austro-húngaro exercia sua influência sobre a Lombardia, o Trentino(Tirol) e a Venécia.

A oeste da Lombardia, o Piemonte e a Ligúria ligavam-se à Casa de Sabóia e à França.

Ao sul do rio Pó, o Vaticano dominava a Emília-Romana, com exceção de ducados que aproveitando a instabilidade da política vaticana, estabeleceram-se como regiões autônomas.

A Revolução Industrial e a crise que se abatia sobre a Itália, faziam com que grande parte dos 30 milhões de habitantes, principalmente da região norte, passassem por sérias privações. As novas leis sobre a terra, favoreciam os grandes proprietários e oneravam os camponeses, que acabavam perdendo suas terras por não poderem pagar os altos impostos.

A unificação da Itália, ao invés de dar solução aos problemas sócio-econômicos, veio agravá-los. A economia era dependente de poucos industriais e de muitos latifundiários que usavam esquemas econômicos medievais de feudalismo e de exploração da força operária e agrícola.



A Itália unificada não destituíra o fenômeno escravagista de uma economia tradicional e ultrapassada e colocava vênetos, lombardos e trentinos, numa posição em que as colheitas mal pagavam os arrendamentos das terras, deixando os agricultores numa situação de extrema miséria.

O crescimento populacional, além do processo de unificação do país, foi uma causa muito importante para que ocorresse a emigração.
Os freqüentes conflitos e guerras, tanto pelo processo de unificação, quanto por países visinhos geraram um processo de destruição.

As guerras, antes do aparecimento do carro a motor, geravam um grande problema: o abastecimento das tropas. A alimentação dos soldados era conseguida através de doações da população do local onde estavam acampados, ou simplesmente através de saques, seja da colheita, seja pelo abate de animais. Isso fazia com que, muitas vezes, a população local não tivesse o que comer. Além disso, a permanência das tropas inviabilizava o plantio. Isso fez com que procurassem maior segurança buscando novas oportunidades em outras terras.

Uma característica do povo italiano, sempre foi seu alto grau de religiosidade. Sua história sempre foi marcada pela presença atuante da Igreja em todos os tempos. Não foi diferente nesse ciclo da emigração, aonde ela desempenhou papel importante, dando informações e orientando os fiéis a respeito desse assunto.
Conforme Júlio Lorenzoni, no seu livro "Memórias de um imigrante italiano", as informações dadas à comunidade a qual pertencia, foram dadas por um pároco. Nas reuniões, era feita uma explanação de como era o Brasil, o que o imperador brasileiro estaria oferecendo aos colonos italianos que desejassem emigrar, como seria a viagem de travessia do oceano, como seria a negociação para a aquisição e pagamento da terra, a assistência que teriam, etc..
Em muitos momentos, as informações não correspondiam à realidade, gerando uma expectativa muito grande entre aqueles que pretendiam emigrar ao Brasil.


Comunidade, após a missa

Dentre todas as facilidades oferecidas, o fator mais atrativo aos imigrantes era receber um título de propriedade de terras.
Para a maioria dos agricultores que além de não possuirem terra, tinham que ver todo o lucro da colheita diluir-se para o pagamento dos arrendamentos, impostos, encargos, etc., ver, agora, a possibilidade de serem proprietários de grandes áreas de terras (comparadas às que poderiam ter na Itália), era algo que empolgava a todos. Por outro lado, a propaganda feita era um tanto exagerada, o que fazia com que famílias inteiras decidissem partir para o Brasil.










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