A história da Família Mozzini somente tornou-se realidade, graças às informações fornecidas por dois
grandes estudiosos da imigração italiana no Brasil: Pe Luiz Sponchiado (Brasil) e Dom Guido Tassoni (Itália). 1) Pe Luiz Sponchiado, Vigário de Nova Palma-RS No verão de 1988, com o objetivo de conseguir dados dos meus antepassados, desloquei-me até o Município de Silveira Martins-RS, levando comigo meus pais, Severino Mozzini e Anna Maria Rossato, residentes na cidade de Passo Fundo-RS. As informações que eu tinha até então, eram aquelas fornecidas pelo meu nono João Jorge, falecido em 1986. Ele tinha uma memória impressionante e com muita freqüência, espontaneamente, voltava ao passado relatando fatos sobre a família. Infelizmente, naquela época, eu era um adolescente e como todo adolescente, esse tipo de assunto não despertava muito interesse. No início de 1970, com 17 anos, mudei-me para Porto Alegre com o objetivo de estudar. A mudança de cidade e de ambiente, associada à ausência da família despertou-me o interesse em querer saber mais sobre minhas origens. Lembrava do que meu nono havia dito, que tanto ele, quanto a nona Tereza Anversa haviam nascido na Colônia de Silveira Martins-RS e que seu pai tinha vindo de Mântua (Itália). Lembro, também, que segundo ele, os pais tinham vindo no Navio Isabela, com 89 passageiros. As informações passadas de boca-em-boca, às vezes sofrem deturpações. Esse número de 89 passageiros, talvez fosse da viagem do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul, pois os vapores que vinham da Itália traziam, em média, 1000 passageiros. Retornando à viagem a Silveira Martins, nossa primeira parada ocorreu no Município de Nova Palma-RS, local onde nasceu minha mãe, Anna Maria Rossato, no ano de 1925. A estada em Nova Palma foi marcante, devido ao retorno de minha mãe à casa onde nasceu e ao reencontro com quatro primos-irmãos dela, que ainda lá residiam e que não se viam há mais de 50 anos, uma vez que sua família mudou-se daquela localidade no ano de 1937. Ao saberem do objetivo da visita, informaram-nos que os dados procurados estavam lá mesmo, e não em Silveira Martins. Isso, porque o Pe Luiz Sponchiado, vigário da igreja daquele município, pesquisador e historiador, construiu junto à Casa Paroquial, o Centro de Pesquisas Genealógicas de Nova Palma. Neste centro, ele catalogou mais de 50.000 pessoas, pertencentes às famílias que colonizaram a região central do Estado, a partir de 1878. ![]() Pe Luiz Sponchiado (Nova Palma, 1988). Pe Sponchiado, ao consultar em seus livros os dados da "Família Mossini" (até então, desconhecia-se que o sobrenome correto era Mozzini), constatou que João Mossini e Tereza Anversa, casaram-se naquela localidade e tiveram três filhos: Maria Rosa, Antônio Valentim e Ermínia. Isso, porque em 1921 a família mudou-se para o Distrito de Sertão, Município de Getúlio Vargas-RS. Por solicitação de Pe Sponchiado, meu pai, Severino, informou os dados dos outros 4 irmãos e 3 irmãs, completando assim os dados da família, no livro do Centro de Pesquisas de Nova Palma. ![]() Pe Luiz Sponchiado no Centro de Pesquisas Genealógicas de Nova Palma, criado por ele. Momento em que complementa dados sobre a família, fornecida por Severino Mozzini, junto com sua esposa Anna Maria Rossato. (Nova Palma, 1988). Foi nequela ocasião que descobri os dados fundamentais para se desvendar o passado da Família Mozzini, qual seja, o local de nascimento de GIUSEPPE VINCENZO MOZZINI, na Itália, pai do meu nono, João Jorge Mozzini, como segue: Provincia: MANTOVA Comune: VIADANA Frazione: COGOZZO 2) Dom Guido Tassoni, na época, Parocco da Igreja San Pietro Apostolo, da Comune de Viadana, Mântova, Itália. ![]() D.Guido Tassoni, falecido em 1996, ex-vigário da Igreja San Pietro de Viadana (Mântova). De posse dos dados da localidade onde nasceu meu bisavô, Giuseppe Vincenzo Mozzini, enviei a carta abaixo, para dois endereços de Viadana (Mântova): uma para o Cartório e outra para a Paróquia. A carta do cartório nunca foi respondida. Por outro lado, o pároco da Igreja São Pietro, de Viadana, Dom Guido Tassoni enviou-me farto material sobre a família e sobre aquela localidade, como mapas, livros e fotos. Ele era pesquisador e historiador e também correspondia-se com o Pe Luiz Sponchiado, de Nova Palma e outros descendentes de italianos, do Brasil. Abaixo, a carta enviada para a Paróquia de Viadana, Mântova - Itália. ![]() Em resposta, D.Guido Tassoni envia-me vários documentos, como seguem: a) Carta revelando o sobrenome correto da família: Entre outras coisas, Dom Guido diz: "Faço revelar que o sobrenome da família na Itália, não é MOSSINI e sim MOZZINI e o nome do seu antepassado não é VICENZO, mas GIUSEPPE VINCENZO". ![]() Em Viadana, ele já havia feito a árvore genealógica para ANACREONTE MOZZINI, empresário do ramo moveleiro de lá. Ao receber essa carta do Brasil, pela filiação, constatou que tratava-se da mesma família. Foi a partir do documento abaixo, que houve a possibilidade de se montar o processo que concedeu a Cidadania Italiana a um ramo da Família Mozzini. Para se entender melhor, pela lei italiana, cidadão italiano é aquela pessoa que tem sangue italiano, indepentende do lugar aonde tenha nascido. Todos os descendentes de italianos que ainda não possuem a Cidadania Italiana, são italianos que a própria Itália desconhece a sua existência. Todo processo para obtenção da Cidadania, deve começar por um documento de um antepassado italiano (não naturalizado em outro país), emitido pela Itália. A partir desse documento, é montado um dossiê, com os Certidões de Nascimento, Certificados de Reservista (para maiores de 18 e menores que 45 anos), Certidões de Casamento e Certidões de Óbito dos componentes da família. O documento emitido pela Itália, é traduzido para a Língua Portuguesa e todos esses documentos emitidos pelo Brasil, são traduzidos para a Língua Italiana. Entregues no Consulado Italiano, depois de conferidos, são encaminhados à Itália. Esta, depois de julgar procedente, registra a família em seus Cartórios e encaminha para o endereço de cada familiar, o documento de concessão da Cidadania Italiana. A partir desse momento o descendente de italiano começa a fazer parte do censo-italiano e pode solicitar seu Passaporte Italiano, junto ao Consulado da Itália, ao qual sua cidade pertence. ![]() ![]() Documentos emitidos pela DIOCESI DI CREMONA e assinada pelo Vigário da Igreja de Santi Filippo e Giacomo Apostolo, in Gogozzo, DOM DANILO CONTI. ![]() d) Transcrição e tradução do documento acima ![]() e) ÁRVORE GENEALÓGICA DA FAMÍLIA MOZZINI (na Itália, até 1858) ![]() Árvore Genealógica elaborada por Dom Guido Tassoni, desde 1661. |